Confira a sinopse do Acadêmicos do Sossego

Zezé MottaO Acadêmicos do Sossego divulgou a sinopse do enredo que a escola levará para a Marquês de Sapucaí em 2017, “Zezé Motta – A Deusa de Ébano”. O texto foi apresentado aos compositores durante a feijoada da agremiação, que aconteceu neste domingo (1) e contou com a participação da homenageada.

Muito emocionada, a atriz e cantora não segurou as lágrimas ao ser recebida pela bateria de Mestre Átila e ovacionada pela comunidade que a saudou com muitas palmas e demonstrações de afeto e carinho.

– Eu estou super emocionada. Estou sentindo muito carinho e um calor grande da escola. Eu só posso neste momento agradecer a Deus e aos Orixás pelo carinho destas pessoas presentes, declarou Zezé.

O vice presidente da agremiação, Rafael Marques, ressaltou a importância da homenagem: “Eu estou muito contente em ter a Zezé em nossa quadra, isso fortalece nossa comunidade e vamos batalhar para fazer um grande desfile com um grande samba-enredo”.

O evento teve a presença das escolas campeãs de Niterói e do Rio de Janeiro, respectivamente, GRES Garra de Ouro, Combinado do Amor, Folia do Viradouro, Região Oceânica, Paraíso do Tuiuti e Estação Primeira de Mangueira. Além do ilustre Mestre Dionísio, o segundo casal da Alegria da Zona Sul Leonardo Thomé e Amanda Rodrigues e do segundo mestre-sala da Porto da Pedra, Rodrigo França.

No próximo sábado, 07 de maio, ocorrerá a primeira explanação da sinopse para os compositores com a presença do carnavalesco Marcio Puluker. A reunião acontecerá no Clube da Torre na Rua Leopoldo Muylaert, s/nº, Largo da Batalha – Niterói.

Confira a sinopse:

Zezé Motta – A Deusa de Ébano

Ora yê yê Oxum, ora yê yê minha mãe! Ecoam tambores para lhe reverenciar!

Nascida na terra da cana caiana, foi minha frágil força que me impulsionou a mostrar mais que minhas sete faces no ilusório cenário artístico. Assim, aos palcos de Dionísio subi para deixar de ser eu e ser muitas outras.

O que tive de enfrentar para traçar meu caminho pouco me importa. Para alcançar um destinoromântico sofri muito castigo. Pelo meu negrito jeito de ser, ai de mim, incomodei bastante a civilizada sociedade que dança com hipocrisia.

Reconhecida pelo meu talento, minha luz é quem prateia as minhas conquistas ao longo de uma vitoriosa carreira de atriz e cantora. Hoje, em estado de graça, alcanço o auge de minha vida como cantriz. O samba mandou me chamar para me elevar à categoria de Deusa de Ébano, nessa emocionante homenagem carnavalesca.

Comecei no teatro, estreando profissionalmente como atriz na polêmica obra de Chico Buarque, Roda Viva, peça censurada pela ditadura. Fiz rir e chorar. Participei de outro importante espetáculo, 7 – O musical, fazendo com paixão o que mais gosto nessa vida: atuar e cantar.

Foi a sétima arte que me deu a esperada fama. Magrelinha com o dengo que a nega tem e uma sensualidade à flor da pele, numa mistura de raça e cor. Dei vida a personagens marcantes nos filmesQuilombo, Águia na Cabeça, Orfeu e, sobretudo, Xica da Silva, que me imortalizou e me lançou ao estrelato internacional.

Paralelamente à vida de atriz, aos poucos brotou a cantora. Nas boates Telecoteco e Balacobaco, nas quais primeiro tive o direito à vida de cantar as dores de amores, de soltar minha voz, na doce esperança de mostrar este meu outro dom, o meu canto de resistência que tanto fascina, para ter você comigo, bem mais perto de mim. Meu sorriso largo transborda minha alma feiticeira na alegria de viver.

Atuar e cantar. Sempre soube que era essa a chave dos segredosque realiza esta mulher guerreira e mística na ribalta, que veio ao mundo numa trovoada para ser atrevida e, com atitude, conquistar tudo o que quer, com decisão e muita sabedoria.

O sangue não nega o furor que se avassala dentro de mim e me torna, mesmo sem eu querer, uma divina criatura. Aos olhos dos meus fãs, uma diva. Por isso, onde o sol bate e se firma, abrem-se as cortinas para que eu possa me doar por inteira, realizada, na divina saudade de umanegra melodia.

A senhora liberdade abriu as asas sobre mim, me dando força para lutar contra o preconceito. Meupecado original e uma intensa consciência racial só reforçam minha militância nas causas do negro, pelas quais lutarei até o fim com autonomia.

No horário nobre da televisão me joguei no corpo a corpo, rompendo os grilhões do racismo por um amor proibido entre uma mulher negra e um homem branco. E da intolerância fui a próxima vítima, vivendo uma rica empresária numa sociedade que não aceita a ascendência em igualdade danegritude brasileira.

Agora, brilhando nesse sagrado palco da folia, crioula com muito orgulho e dignidade, trocando em miúdos, venho aqui me apresentar no meu melhor papel:

– Muito prazer, eu sou Zezé!

Pesquisa e texto: Julio Cesar Farias

Carnavalesco: Marcio Puluker

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