Curso na Cinelândia traz um panorama da história das escolas de samba

De 23 de janeiro a 08 de fevereiro, sempre às terças e quintas, das 18h30 às 20h30, acontece o curso “A Grande Aventura Civilizatória: Escolas de Samba do Rio de Janeiro”, que será realizado no Estúdio Kubo, localizado na rua Evaristo da Veiga, nº 47, sala 801, na Cinelândia. Serão seis encontros com apaixonados por escolas de samba e suas histórias. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo site http://arquivocultural.com/loja/carnaval-uma-historia-de-amor/.

Confira a programação completa:

Dia 23/01: Luiz Antonio Simas

Anos 20 e 30: “Tempos idos”

Será discutido o processo de formação das escolas de samba nas décadas de 1920 e 1930, a partir da construção de sociabilidades identitárias das populações subalternizadas do Rio de Janeiro.

Dia 25/01: Rachel Valença

Anos 40 e 50: “Glória ao samba – a força das comunidades suburbanas”

Oswaldo Cruz, Serrinha, Madureira e outros espaços do subúrbio marcados pela influência da linha férrea guardam histórias de trabalhadores, jongueiros e sambistas. O modo de vida e a arte desse povo serão abordados na aula para pensarmos sua importância específica para as escolas de samba e o carnaval e para a cultura do Rio de Janeiro.

Dia 30/01: João Gustavo Melo

Anos 60 e 70: “Para os Olhos um Prazer”: a revolução salgueirense de Fernando Pamplona e a integração das escolas à cultura de massa e aos grandes espetáculos

Para o Carnaval do Salgueiro de 1959, o então presidente do Salgueiro, Nelson de Andrade, convida um casal imerso em pesquisas e criações de espetáculos voltados para a arte brasileira: Dirceu e Marie Louise Nery. Com o enredo sobre Debret, o Salgueiro alcança o segundo lugar, tingindo para sempre de vermelho o coração de um dos julgadores: Fernando Pamplona. Responsável pelos desfiles das Academia do Samba por quase toda a década de 1960 e parte dos 70, Pamplona e equipe – da qual fazia parte o artista plástico Arlindo Rodrigues – levam para as avenidas um novo conceito de apresentação de enredos. A pegada singela e folclórica dos desfiles dos carnavais anteriores dá lugar a uma visualidade e um discurso espetacular contemporâneo, que dialoga com movimentos políticos e de arte espalhados pelo mundo, como o pan-africanismo. Enquanto o Brasil sofre um golpe civil-militar, em 1964, o desfile das escolas de samba passa por uma revolução estética e discursiva. Esse cenário atrai para o corpo das agremiações jovens talentos ligados a contracultura como Fernando Pinto. Nos anos 1970, a diáspora de artistas salgueirenses e a ascensão do modelo de financiamento de algumas agremiações via jogo do bicho fazem emergir novas potências no Carnaval Carioca. Joãosinho Trinta conquista o bicampeonato com o Salgueiro e passa a ter lugar no Olimpo dos grandes artistas brasileiros.

Dia 01/02: Luiz Anselmo

Anos 70 e 80: Ninguém joga pra perder – grana, poder e arte na reinvenção do carnaval.

Na segunda metade da década de 1970 a hegemonia das quatro grandes do carnaval carioca foi abalada com a ascensão de uma pequena escola de samba da Baixada Fluminense. Era a Beija-Flor de Nilópolis, transformada esteticamente pelo carnavalesco Joãosinho Trinta junto com o figurinista Viriato Ferreira e o apoio decisivo do diretor de harmonia Laíla. A proposta da aula é contextualizar essa situação para problematizarmos o lugar de destaque que assumiram as agremiações patrocinadas por banqueiros do jogo do bicho e a chamada primazia do visual nos desfiles.

Dia 06/02: Bárbara Pereira

Anos 80 e 90: Carnaval pós ditadura: entre a irreverência tropicalista e as luzes de neon da pseudo-modernidade de um país que redescobria o poder do voto.

No Brasil dos anos 1980, a expectativa da sociedade brasileira girava em torno do fim da ditadura militar e da redemocratização do país. Neste cenário, ganha destaque um carnavalesco pernambucano que já havia despontado no Império Serrano, mas que teria seu auge na Mocidade Independente de Padre Miguel: Fernando Pinto. Morto em 1987, não deixou legado, mas garantiu sua marca numa década de ascensão e de início de declínio do jogo do bicho no absoluto comando do carnaval carioca. Já os anos 1990, a luz de neon daria o tom do período em que Renato Lage, então carnavalesco da Mocidade, dividiria com Rosa Magalhães, então carnavalesca da Imperatriz Leopoldinense, o reinado dessa festa, num país que reaprendia a viver num regime presidencialista.

Dia 08/02: Fábio Fabato

Anos 90 e 2000 – Das brigas do Cravo e a Rosa ao gênio da interatividade, passando pelos patrocínios e a morte e vida do gênero samba-enredo.

Os anos de 1990 trouxeram a polarização entre Renato Lage e Rosa Magalhães, que passaram à condição de maiores carnavalescos e promoveram duelos artísticos de tirar o fôlego entre Mocidade e Imperatriz. Com a virada do século, surge o fenômeno Paulo Barros, que apostou no carnaval com alegorias vivas que “conversavam” com a plateia, espelho da própria interatividade que passou a reger o mundo na carona das facilidades da grande rede. O século XXI também trouxe a discussão sobre enredos patrocinados e as escolas de samba como mera plataforma de exposição de marcas. E o samba? Depois de cair no abismo e, ele próprio, sofrer o temido bug do milênio, reencontrou melhores dias quando a década de 2000 estava consolidada. As mesmas interrogações que fecharam o desfile campeão de 1990 – “Vira, virou, a Mocidade chegou” – surgem então de novo: quem vai dominar o carnaval do futuro: o samba, a estética ou a grana? É possível brincar sem dinheiro e apenas com pandeiro? O que esperar das escolas, fenômenos socioculturais de comunidades abandonadas pelo poder público, quando este mesmo poder agora parece querer acabar com seus signos ancestrais e sua capacidade de mexer com os brios da cidade? Os dados estão na mesa.

Serviço:
Curso: “”A Grande Aventura Civilizatória: Escolas de Samba do Rio de Janeiro”
Dias: De 23 de janeiro a 08 de fevereiro (06 encontros), sempre às terças e quintas.
Horário: das 18h30 às 20h30.
Local: Estúdio Kubo – Rua Evaristo da Veiga, 47, Sala 801 – Cinelândia
Inscrições pelo site: http://arquivocultural.com/loja/carnaval-uma-historia-de-amor/.

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