Eleição no Boi da Ilha é adiada

ANDERSON BALTAR

eleiçãoboiApós uma campanha marcada por acusações, o Boi da Ilha não realizou a sua eleição presidencial, que estava marcada para a manhã desse domingo (12). Vivendo a maior crise de sua escola, com três rebaixamentos consecutivos, a escola é disputada por dois candidatos: o professor de capoeira e radialista Mestre Arerê e o compositor Aloisio Villar, lider do grupo de oposição “Reage Boi”.

A eleição aconteceria em um bar, localizado no bairro do Bananal, na Ilha do Governador. Porém, às 9h, quando a votação teria início, o acesso ao local estava fechado por seguranças. Uma lista de votantes estava afixada no portão e, segundo os integrantes do “Reage Boi”, não condizia com o colégio eleitoral previamente combinado. “Na inscrição das chapas, a Comissão Eleitoral aprovou a anistia de todos os sócios, desde os tempos dos ex-presidentes Eloy Eharaldt e Cadu Zugliani. Hoje, fomos informados que essas listas não serão consideradas e, sim, uma lista de um programa de sócios feito pelo atual presidente Higino Mandriola. Mesmo assim, essa lista que foi apresentada hoje é bem diferente da que nos foi disponibilizada anteriormente”. A lista considerada válida trazia também os fundadores do grêmio, mas, segundo o cantor Nélio Marins, irmão do intérprete Quinho, seu nome e o de vários parentes, que são sócios antigos da escola, haviam sido retirados.

Com a polêmica, a votação não se iniciou. Havia divergências até sobre a inscrição das chapas. Segundo o grupo liderado por Arerê, que teria o apoio da atual diretoria, apenas a sua chapa havia feito a sua inscrição. “O pessoal da outra chapa invadiu aqui e inventou outra comissão eleitoral na marra. A única chapa inscrita foi a minha”, afirmou Arerê. O compositor Júnior, candidato a vice na chapa de Aloisio Villar, retrucou que as duas chapas se inscreveram com a comissão eleitoral dentro da normalidade: “Estivemos aqui no dia e horário estipulado pelo edital. As inscrições das duas chapas foram fotografadas e filmadas”.

Diante do imbróglio, medido por representantes da Lierj, foi decidido que um novo processo eleitoral será definido após uma reunião que congregará o presidente da escola, os presidentes dos conselhos deliberativo e fiscal e um representante de cada chapa. O encontro deverá ser realizado nos próximos dias e uma nova data de eleição será marcada.

Celeiro de grandes sambistas insulanos, escola passa por maior crise de sua história

Fundado em 1965, o Boi da Ilha (que à época chamava-se Boi da Freguesia) foi um dos mais tradicionais blocos de enredo do Rio de Janeiro e revelou, dentre tantos outros sambistas, o intérprete Quinho, os compositores Marquinhos do Banjo, Carlinhos Fuzil, J. Brito, Bujão e o mestre de bateria João Sérgio, também autor do samba “O Amanhã”, da União da Ilha. Em 1988 virou escola de samba e, entre 2001 e 2003 esteve na Série A. Em 2001 ganhou o Estandarte de Ouro de melhor samba enredo, com “Orun Ayê” – que conta com Aloisio Villar entre os seus autores. Entre 2004 e 2012, a escola conseguiu se manter na Série B, fazendo alguns desfiles que obtiveram boas classificações. Com o último rebaixamento, a agremiação desfilará no Grupo de Avaliação em 2016.

Ouça entrevistas exclusivas:

Higino Mandriola (presidente)

Aloisio Villar (candidato a presidente)

Mestre Arerê (candidato a presidente)

Cris Lioy (representante da Lierj)

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