Escolas da Intendente lançam manifesto

aescrjTrinta e seis das 48 escolas de samba que desfilam na Estrada Intendente Magalhães, no Campinho, dos grupos B, C, D e E assinaram um manifesto pedindo a ex-dirigentes da Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro que cessem a disputa judicial que envolve a entidade para que as agremiações não sejam prejudicadas nos preparativos do Carnaval 2016. No documento, os presidentes das escolas apelam a Sandro Avelar e Moisés Fernandes – os últimos dois mandatários da Associação e que estão travando uma batalha na justiça pelo comando da instituição -, que não insistam na luta, que impede que qualquer assembleia realizada pela AESCRJ tenha reconhecimento legal.

Os dois últimos mandatários da Associação são suspeitos de, em suas gestões, terem cometido irregularidades administrativas, incluindo, segundo presidentes das escolas, manipulação de resultados e desvio de verbas, fatos que estão sendo apurados pela Delegacia de Defraudações, com inquérito instaurado.

A disputa judicial teve início no começo de 2014, o que inviabilizou que as escolas recebessem, via Associação, a verba repassada pela Prefeitura do Rio, através da Riotur, para a o desfile de 2015. Para terem direito à subvenção do último Carnaval, as agremiações tiveram que se filiar, em caráter emergencial, à Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), entidade responsável pelos desfiles da Série A.

Caso cesse a disputa judicial pelo comando da entidade entre Avelar e Fernandes, as escolas poderiam retornar à AESCRJ, e promover eleição para uma nova diretoria da instituição, fundada em 1934.

 

MANIFESTO:

NOSSA POSIÇÃO ACERCA DA CRISE POLÍTICA INTERNA E DA PERDA DE CREDIBILIDADE DA AESCRJ JUNTO AO PODER PÚBLICO

Nós, os abaixo assinados, Presidentes de Escolas de Samba dos Grupos de Acesso B, C e D, vimos, pelo presente MANIFESTAR nossa profunda preocupação com os rumos que vem tomando o Carnaval das Escolas que desfilam na Passarela Popular da Intendente Magalhães.

Como é público e notório, existe uma crise de credibilidade entre o Poder Público e nossa quase centenária ASSOCIAÇÃO DAS ESCOLAS DE SAMBA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO (AESCRJ), fruto de uma disputa pessoal entre dois dirigentes que se qualificam Presidentes desta Instituição e que, lamentavelmente, vem dando a este embate uma importância e uma dedicação maiores do que deveria ser o real – e único – objetivo da instituição e do coletivo de agremiações – e comunidades – que suas filiadas representam, qual seja, lutar pela melhoria de condições financeiras das Escolas, da logística dos Barracões e do Desfile, enfim, lutar pela sobrevivência e pela dignidade dessas agremiações.

Acreditamos que, diante dos sérios danos causados à imagem da Instituição, o que menos interessa nesse momento seja apontarmos culpados, vencido ou vitorioso ou mesmo julgarmos validades de atas ou os argumentos jurídicos acerca da questão envolvendo os dois personagens.

O mais relevante, nesse momento, é colocarmos  um ponto final nessa demanda que apenas prejudica e em nada soma ou contribui.

Prova disso, foi o sério e real perigo a que o Carnaval da Intendente Magalhães foi submetido, uma vez que o Poder Público, temeroso de conceder a subvenção a um dos dois envolvidos no imbróglio jurídico, o fizesse em mãos erradas, o que poderia causar, aí sim, um novo problema com consequências ainda mais graves e sugeriu que nos desligássemos de nossa Casa (a AESCRJ) e nos filiássemos à LIERJ, de forma a acelerar a entrega da subvenção, o que acabou sendo feito, ainda a tempo de salvar a realização de nosso Carnaval.

Somos gratos à LIERJ pela acolhida, assim como ao Poder Público pela parceria e, principalmente, por nos oferecer uma solução rápida e viável, mas nosso desejo é o de retornarmos à nossa tradicional e histórica Casa, a AESCRJ.

Infelizmente, com a crise – política e jurídica – lá instaurada, com ambas as partes figurando em processos judiciais intermináveis, nos encontramos impossibilitados de retornar e, sendo assim, teremos de buscar novos caminhos, ainda que provisórios.

Só nos restam duas alternativas: montarmos uma nova Liga, onde tenhamos voz e voto, ou nossa volta à AESCRJ.

Desta forma, servimo-nos do presente MANIFESTO para convocar nossos companheiros SANDRO AVELAR e MOISÉS FERNANDES, diante da gravidade e da atipicidade da situação, a refletirem acerca das consequências dos litígios judiciais, a concederem  uma chance a si mesmos, dando uma prova inequívoca de que, em verdade, se preocupam mais com a coletividade do que com seus próprios interesses, entrando, assim, para a História do Samba de nossa Cidade, desistindo dos processos judiciais e renunciando, ambos, a qualquer cargo na Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro, possibilitando, assim, a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária com o objetivo de marcar novas eleições, uma vez que, os signatários do presente Manifesto desejam lançar a candidatura de um nome de forte apelo e de consenso, inclusive com significativa  representação junto ao Poder Público:

É HORA DE PENSAR ALTO E ALÇAR VOO!

SÓ QUEM OUSA, VENCE!

NÃO DEIXEM O SAMBA MORRER, NÃO DEIXEM O SAMBA ACABAR!

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