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20
maio
2013

Festejai, Portela!!!

Anderson Baltar

Em 15 anos de jornalismo nunca vivi emoções como as de hoje. Já desconfiava que a eleição da Portela iria ser histórica e de que a transmissão da Rádio Arquibancada teria boa audiência e repercussão. Porém, nunca imaginei viver momentos tão intensos na Rua Clara Nunes.

Nos olhos de cada um, a tensão mesclada com a esperança. No silêncio da quadra, à espera do escrutínio, o respeito solene à ocasião e a certeza geral de que todos éramos testemunhas da história sendo escrita. Naqueles angustiantes 100 minutos que separaram o fechamento da urna até a divulgação do resultado, muito se pensou, se temeu, se especulou. O clima de Capela Sistina tomou conta de Madureira, com todos à espera da “fumaça azul e branca” que poderia simbolizar a renovação ou a frustração.

Na vitória apertada, totalmente incompatível com a consciência de milhões de portelenses, veio o êxtase, o choro, o grito entalado na garganta. Eu, que não sou torcedor da escola, mal consegui conter a emoção. É muito reconfortador saber que a luta de quem quer um samba melhor e mais transparente não é em vão. Que não é absurdo algum esperar o melhor no mundo do samba. Que a democracia seja respeitada, que os anseios de toda uma nação sejam tomados como lei. Que o carnaval seja encarado com a seriedade necessária e que um gigante adormecido desperte com mais fome de títulos do que nunca.

Madureira e Oswaldo Cruz estão em festa. Na expectativa e, mais do que isso, certeza de tempos melhores. Tempo de diálogo, de bom senso e de respeito às tradições e às paixões. Acertos e erros surgirão, a caminhada é extensa e árdua. Mas tenho certeza de que a semente foi plantada.

Portela de Paulo, que tanto fez pelo samba. Que ajudou a quebrar barreiras e preconceitos e que estava entorpecida. Portela de Natal, que se fez vitoriosa – até hoje insuperável em títulos, mesmo diante de tão longo jejum. Portela de Paulinho da Viola, Manacéa, Dodô, Vilma, Monarco, Alvaiade e tantos outros.

Portela de tantos amigos que agora devem estar entorpecidos, inebriados de alegria, cerveja, lágrimas e adrenalina descarregada. Festejai. O renascimento começou. Muito trabalho os aguarda. Estou na torcida.

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