Gato de Bonsucesso divulga sinopse

logogatodebonsucesso2016O Gato de Bonsucesso, agremiação do grupo D do carnaval do Rio de Janeiro, divulgou na noite do último domingo (19) o enredo que desfilará na Intendente Magalhães em 2016. Intitulado “Catcherê-Doimã. Lendas e festas de Mãdubi”, a azul e branco da zona norte do Rio de Janeiro falará do amendoim.
Segundo o novo carnavalesco da agremiação, Guilherme Estevão, o Gato apresentará o amendoim através das histórias brasileiras que envolvem o alimento. “O amendoim é cultivado em todo mundo, poderíamos fazer uma abordagem mais global, mas resolvemos valorizar a cultura nacional. Partiremos de duas lendas indígenas que mostram no imaginário de cada tribo (Makurap e Krahô) a criação do alimento. Os índios iniciaram o cultivo do amendoim e no processo de interiorização e reconhecimento do território nacional pelas bandeiras, além da escravização dos povos indígenas, esse conhecimento foi apropriado por outros povos e difundido pelo país. Com a disseminação dessa cultura, novos alimentos surgiram utilizando o amendoim e, atrelado a ele, uma prática festiva se constituiu, onde essa culinária adquiriu patamar de típica, como nos arraiás”.
O Gato de Bonsucesso fará na próxima quarta-feira (23), em sua quadra, a leitura e explanação do enredo para os compositores da agremiação, a partir das 20 horas. Não haverá cobrança de taxa de inscrição nem limite de compositores nas parcerias. A eliminatória de samba se iniciará no dia 6 de setembro. A quadra da escola fica na Rua São Jorge, s/n, em Bonsucesso.

SINOPSE

CARNAVAL 2016
GRES GATO DE BONSUCESSO
Presidente: Alexandre Feijão
Carnavalesco: Guilherme Estevão

CATCHERÊ – DOIMÃ. LENDAS E FESTAS DE MÃDUBI
Justificativa:
O Gato de Bonsucesso retorna a Intendentes Magalhães para colocar na boca do povo histórias que mexem com o paladar. Explorando a cultura de nosso Brasil, exaltamos nossa ancestralidade indígena, mergulhamos pela história de formação do território nacional e descoberta do interior do país, e reafirmamos nossas formas de festejos, através de um símbolo da culinária brasileira e mundial. Nosso carnaval mostrará os contos que narram a trajetória do mãdubi ao amendoim.

Sinopse:
Sobre os olhos cansados da tribo Krahô caía à noite, exibindo a polpa escura do sol no céu do Maranhão. Em sua companhia, se estendia um manto estrelado, cobrindo o sono do último homem solteiro da aldeia, Mehi.
Do brilhante tear do firmamento, se despendeu uma estrela. Era Catcherê que vislumbrava do alto o sono de Mehi, saindo da imensidão escura para tocar aquele por quem havia se apaixonado. Como sapo veio a Terra e, sobre o peito do jovem índio, pulou. Assustado, Mehi empurrou o bicho no chão, que se transformou, em sua frente, numa linda mulher. Encantado com o ser que se transformou em sua frente, brotava naquele instante uma história de amor. Catcherê dormiu com o jovem e tornou-se sua esposa.
Catcherê passou a conviver na aldeia e, na manhã seguinte, foi se banhar no Rio com Mehi. Ao chegar à margem, mostrou a ele uma planta com espigas, que serviam de alimento para os periquitos, era o mãdubi. Ensinou a Mehi e aos demais índios Krahôs como se plantava, colhia e preparava os frutos daquele vegetal, indo buscar no céu outras raízes que ali seriam cultivadas.
Mas em uma noite, homens invadiram a aldeia e abusaram da mulher-estrela. A violência sofrida resultou no retorno de Catcherê à imensidão celeste. Porém, antes de se despedir, aproveitou o sono dos que a defloraram e os matou, cuspindo em suas bocas. Catcherê passou pela Terra rapidamente para germinar naquela tribo os ensinamentos sobre o mãdubi, o fruto da planta do rio, e para ver florescer o amor no coração do jovem Mehi.
Mas de onde surgira o mãdubi mostrado por Catcherê? A resposta estaria nos ensinamos de uma outra tribo, brotando das flores de Doimã, um pequeno índio da tribo Makurap, que também habitavam o Maranhão, se estabelecendo entre seus seringais. Esse povo se alimentava de mãdubi, mas não se retirava a semente da terra.
O menino Doimã gestava o fruto e o eliminava em uma panela de barro. Um dia, seu tio ficou furioso ao saber que o alimento que o nutria era produzido nas entranhas do jovem índio e resolveu castiga-lo. A fúria foi tão grande, que o menino morreu com sua violência, sendo escondido e enterrado às margens de um rio.
Toda tribo se entristeceu com o sumiço de Doimã e sua mãe foi chorar onde se banhava. Naquele lugar surgiu, enterrada, uma planta de flores amarelas. Ao sair do rio, a mãe ouviu um choro, como o de seu filho, vindo daquela planta e, ao retirá-la do solo, viu em suas raízes o mãdubi de Doimã.
Como vento carregando pólen das flores na mata, a sabedoria indígena e cultura do mãdubi se espalhou por outros ares. Alcançando novas “tribos”, sejam elas indígenas ou cristãs, circulou em bandeiras sertão a dentro, no lombo de burros ou nos de escravos de engenho, dando novos paladares a colônia.
Nutrindo os viajantes, invadiu Minas Gerais, passeou por Pantanais, semeou o sabor por São Paulo e hoje é o gosto de São João. É doce, Pé de moleque, torrada, grelhada, Paçoca ou Quentão. Pegue seu par, pois o a arraiá não tem fim e nessa festa de mãdubi, a estrela é o amendoim!
Enredo e pesquisa: Guilherme Estevão
Supervisão: Marcos Roza (Historiador-enredista)

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