Posted On

11
julho
2016

Mais uma boa safra de sambas está nascendo

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ANDERSON BALTAR

Cartas na mesa; as doze escolas do Grupo Especial já contam com enredos divulgados. Apenas duas ainda não lançaram suas sinopses: União da Ilha e Vila Isabel, que o farão nesta terça-feira. A partir daí, estará concluída a primeira etapa do planejamento dos carnavais das agremiações do Grupo Especial. E também poderemos, a partir desses indicativos, a tecer as primeiras projeções sobre o que veremos na Marquês de Sapucaí. É sempre bom destacar que é muito cedo ainda para discorrermos sobre os enredos – essa análise só faz sentido na avenida. Mas os argumentos apresentados e suas possibilidades nos trazem um extremo otimismo no que diz respeito à qualidade temática do Carnaval 2017. Tenho certeza de que teremos mais uma grande safra de sambas. Afinal, muita coisa já mudou na folia, mas nunca o fato de que um bom enredo traz bons sambas.

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Mais um motivo que me faz crer numa boa safra para 2017: ao que parece, os compositores terão mais liberdade para compor. Acompanhei uma boa parte das entregas de sinopses do Grupo Especial e, em várias escolas, ouvi pedidos insistentes dos dirigentes para que os compositores saiam do convencional e procurem ser ousados. Que determinadas partes da sinopse nem precisam ser citadas, assim como nomes de artistas e títulos de enredos de difícil pronúncia. Noto, feliz, que os compositores estão sendo incentivados a buscarem novas soluções em suas obras e a fazerem sambas que garantam bons desfiles às agremiações. Que esse movimento se cristalize e se torne robusto o suficiente para romper a mentalidade engessada de alguns jurados. O samba-enredo não é feito para descrever com perfeição um desfile; ele deve ser a trilha sonora que dê sentido ao cortejo, que passe a ideia principal dos setores, mas sem ter a necessidade de ser tão específico. Para isso, existe o Manual do Julgador.

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Posso ser prematuro neste diagnóstico, mas ao que me parece, a crise bateu forte nas disputas de samba para 2017. Surpreende negativamente o número baixo de inscrições nas escolas. O Paraíso do Tuiuti, no Grupo Especial, teve apenas nove parcerias inscritas, muito menos do que no Carnaval passado, quando estava na Série A. A Estácio de Sá, que caiu da divisão principal, conta com o mesmo número. Até agora, a agremiação que mais conta com sambas na disputa é o Império da Tijuca, com 11. Em quase todas as escolas, nota-se o fenômeno das fusões de parcerias, com dois ou até três grupos fortes e tradicionais juntando-se em apenas um samba. Indicativo claro de que o atual modelo de disputa de sambas chegou a um ponto insustentável e de que as escolas e seus poetas devem encontrar, em conjunto, soluções para que tenhamos concursos mais baratos e racionais.

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Portela e União da Ilha já deram sinais claros de que estão preocupadas com os gastos dos compositores. Ambas divulgaram que, em suas disputas, os finalistas passarão por apenas sete eliminatórias. Na Portela, esse número, até 2017, era de nove. Na Ilha, passava de 10. A agremiação insulana também mudou a sua data de cortes: será aos domingos, às 18h, com apenas semi-final e final em um sábado. Uma boa medida para atrair público a um bairro que conta com uma péssima estrutura de transporte público.

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Mesmo com uma disputa teoricamente mais barata, superparcerias estão sendo formadas na Portela. Diogo Nogueira e Ciraninho, que voltam à azul e branco após cinco anos de afastamento, juntarão forças com a parceria de Noca da Portela.

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Nesta terça, tem meu programa Concentração, ao vivo, a partir das 21h. Muitas informações e entrevistas sobre enredos do Carnaval 2017 aqui na Rádio Arquibancada. Se ligue!

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