Mapa de Notas

EDUARDO CARVALHO

eduardo-carvalhoNão sei se já avisei a vocês, leitores amigos, mas de vez em quando vou meter aqui a minha colher nas coisas do desfile de Carnaval. E, como falar de maneira geral sobre um tema é o mesmo que não dar a relevância necessária às particularidades (inclusive as ocultas) que costumam fazer toda a diferença, tentarei ser o mais específico possível nas minhas abordagens. Até porque, sabemos, o Diabo mora no detalhe.

Agora que a Liesa anuncia o começo das “reservas e vendas” de ingressos para a segunda quinzena do mês que vem, quero discutir com vocês sobre o procedimento que os jurados são orientados a seguir na hora de dar as notas finais às escolas de samba do Grupo Especial do Rio. Sendo mais específico: estou falando do momento em que cada julgador passa a limpo as notas e suas justificativas para o mapa oficial de apuração.

No site da Liga, ainda não está disponível o Manual do Julgador 2017. Mas a versão 2016 do mesmo documento (que todo ano é igual) informa que nele existe o Caderno de Julgamento com os originais dos Mapas de Notas, os quais – atenção! – “só deverão ser preenchidos e assinados após a passagem da última Agremiação desfilante na Segunda-feira de Carnaval, transcrevendo, do rascunho para o Mapa, as notas definitivas e suas respectivas justificativas”.

É esse o detalhe preciso ao qual quero me referir. Se eu, jurado, só lanço as notas depois que vejo passar a última agremiação da segunda-feira de Carnaval (ou seja, na manhã de terça), muito provavelmente entre o fim do desfile de domingo e do de segunda, eu refleti, ouvi comentaristas, escutei palpiteiros, li jornais, vi televisão… posso muito bem ter mudado as notas que inicialmente havia dado para as escolas do primeiro dia (domingo) e que ainda não passei para o mapa final. Então, no segundo dia de Avenida, fatalmente vou comparar todos os desfiles, mas com o agravante de que, em relação aos do primeiro dia, fatalmente terei sido influenciado pelo mundo exterior.

Resumindo: o julgamento é desigual e muito mais influenciável e influenciado no domingo do que na segunda-feira. Parece-me muito mais razoável e justo, no que diz respeito a estar o jurado a sós com a sua consciência e com o que viu, que todas as notas sejam lançadas no mapa final e os envelopes sejam lacrados e entregues à Liesa ao fim de cada dia de desfile. Deu para entender?

O manual dá ainda esta ingênua orientação ao corpo de jurados: “No intervalo do primeiro para o segundo espetáculo, os Julgadores deverão levar, para suas respectivas residências, todas as anotações feitas até então e não revelar o seu conteúdo a ninguém”. Que tal?
Enfim, está aberta a discussão sobre os muitos pormenores que podem mudar o resultado de um Carnaval. São pequenos detalhes que, desconhecidos do público, tornam-se coisas muito grandes para esquecer. Sobretudo quando causam, lá na frente, injustiças irreparáveis.

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