Posted On

05
julho
2016

Pra início de conversa…

É com muito prazer que abro essa coluna na Rádio Arquibancada, com o compromisso de trazer um pouco da história das Escolas de Samba de uma fora diferente. A ideia é a gente explorar a memorabília das Escolas, revirando e trazendo um objeto curioso que tenha, de alguma forma, uma ligação com a história das agremiações e assim puxar um papo sobre essa nossa paixão.
Carta_do_sambaE, para começar, nada melhor que a Carta do Samba – um documento fundamental para a compreensão da história das Escolas de Samba. Este importante livrinho foi o principal fruto do Primeiro Congresso Nacional do Samba, que ocorreu entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro de 1962, no Palácio Pedro Ernesto, na cidade do Rio de Janeiro.
Idealizado pelo folclorista Edson Carneiro – que foi um dos primeiros intelectuais brasileiro a se preocupar com a memória das Escolas de Samba – e organizado pela Confederação Brasileira das Escolas de Samba (CBES), pela Associação Brasileira das Escolas de Samba (ABES), pela Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, pelo Conselho Nacional de Cultura e pela Ordem dos Músicos do Brasil, o Congresso representou o primeiro grande fórum de discussão sobre o samba, buscando um debate sobre as características fundamentais do gênero, das manifestações populares que se ligam a este ritmo e buscando apontar caminhos que preservem essa cultura, sem ferir a natural transformação do ritmo ao longo dos anos.
Deste rico encontro – que reuniu gente do quilate de Haroldo Costa, Sério Cabral, Almirante, Donga, entre outros – talvez o fato mais visível e duradouro desse Congresso tenha sido o estabelecimento, com a promulgação da Carta do Samba ao final do evento, do dia 2 de dezembro como o Dia do Samba.
Na página 6 do livreto, é exposto que “foi sancionada lei estadual declarando o dia 2 de dezembro Dia do Samba, à base de projeto apresentado, nesse sentido, pelo deputado Frota Aguiar”. Ao mencionar a sanção da lei, a Carta do Samba contava, antecipadamente, com a aprovação do Projeto de Lei n° 681, de 19 de novembro de 1962 (publicado no Diário da Assembleia Legislativa do dia 20 de novembro de 1962), que em seu artigo 1° dispõe: “Fica o dia 2 de dezembro oficialmente considerado como o Dia do Samba”.
Todavia, apesar de aprovado em plenário, o projeto foi vetado pelo então Governador Carlos Lacerda. Este veto foi posteriormente derrubado pelo Plenário, transformando-se na Lei n° 554, de 27 de julho de 1964 e publicada no Diário Oficial do Estado da Guanabara, no dia 7 de agosto daquele mesmo ano.
Uma parcela da Carta foi dedicada as Escolas de Samba, que na época já se firmavam como um dos grandes acontecimentos do carnaval. Curioso ver como o texto é descritivo em apontar as características balizares das agremiações, justificar a sua importância e alertar para os perigos da sua deturpação. A excessiva preocupação que as Escolas já estavam dando aos preparativos para o desfile é alertada. Na página 12 é dito profeticamente que “As escolas precisam urgentemente reintegrar-se no carnaval carioca, participando ativamente dele e não apenas dos concursos oficiais”.
Já se vão 54 anos que a Carta foi escrita e muita coisa mudou no mundo. No contexto atual, aonde as Escolas já perceberam que é necessário a busca de formas que lhe deem de volta a importância cultural de outros anos e caminhos mais concretos de sua relevância no futuro, o olhar sobre esse documento pode ser de grande valia na busca de respostas.

Para acessar a Carta do samba na íntegra, basta clicar aqui

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